São apenas dois exemplos de como a água se mostra um elemento chave entre a produção e a conservação da natureza. Sem água não era possível termos a dimensão da área agrícola que temos, mas também não seria possível atingir o grau de equilíbrio ambiental que ambicionamos se não a conservássemos na sua matriz natural: a albufeira e as zonas paludosas e ribeirinhas que constituem toda a bacia da ribeira da Caridade. Ribeira esta que alimenta a albufeira do Esporão, e o rio Degebe, um afluente do Guadiana que delimita a herdade a oeste e sul. Ao protegermos os nossos recursos aquáticos estamos a garantir a viabilidade da produção dentro dos limites da sustentabilidade e, simultaneamente, a criar habitats e condições para que a vida silvestre prospere e se desenvolva.
Além das variadíssimas espécies de aves que pode ver junto à albufeira e para sul do paredão, especialmente no início e no fim do dia, existem outras surpresas bem perto dos seus pés. Junto à albufeira é comum ver os rastos de pegadas e os restos de uma boa jantarada de lagostim-vermelho, tudo obra da família de lontras que tem vindo a prosperar na herdade. Tratam-se de animais muito inteligentes e esquivos, não se deixando ver com facilidade. No entanto, um observador atento pode tentar a sua sorte durante o lusco-fusco, altura em que, por vezes, aparecem alguns dos elementos mais jovens a passear, cujo chamamento para a brincadeira denuncia a sua presença.