Pense pequeno
Há décadas vimos a desvendar os segredos das leveduras. No entanto, ainda estamos a tentar compreender como é que as leveduras comerciais, fruto do conhecimento em biotecnologia que hoje temos, interagem com as leveduras indígenas, aquelas que chegam não controladas a partir do ecossistema. Afinal, a vinha é uma forma de ecossistema produtivo, aberto à interacção com o meio envolvente. Assim sendo, até que ponto é que os ‘temperos’ provenientes do solo e vegetação naturais se estão a fundir com as características intrínsecas de cada casta, para dar micro combinações improváveis que irão determinar o tal ‘encanto’ do terroir?
Na Herdade do Esporão, há muitos anos que se vem a desenvolver um trabalho de fundo no estudo do solo e da biodiversidade: refizemos blocos de vinhas para recuperar linhas de água originais, instalámos milhares de plantas arbustivas e de árvores, para aumentar a resiliência do ecossistema produtivo e providenciar um aumento da biodiversidade benéfica e com valor de conservação, dialogámos e aprendemos com os nossos colaboradores e consultores para desenvolver as melhores práticas de gestão sustentável da vinha e do olival. Hoje, estamos a colher os frutos – literalmente – do nosso investimento, com vinhos e azeites que nos deixam extremamente entusiasmados com a aposta nesta visão de futuro.
Talvez seja esta a melhor resposta. O terroir pode ser de facto a expressão final da combinação de diversas variáveis. Variáveis como pormos o nosso coração no que fazemos, o amor pela terra e o respeito pelos ciclos da Natureza, a sede de conhecimento que nos leva mais longe, a dedicação às plantas e aos seus frutos e a determinação em oferecer o melhor em cada garrafa que produzimos. São estas as variáveis que ajudam a definir o carácter do nosso.