Numa destas aldeias, a aldeia da Palhota, gravámos esta receita do Ensopado de Enguias. Conta o fadista Zé Miguel Amador, conhecido nestas terras ribatejanas por o “Baixinho do fado”, que nesse tempo, havia muitas enguias no Tejo e que a enguia não valia quase nada na praça, obrigando os pescadores a aproveitar a enguia como alimento, criando assim um prato de aproveitamento, utilizando também o pão duro e a moira (unto cozido e esmagado, com vinagre, sal e um pouco de caldo).
A enguia começa o seu ciclo vital migratório no mar dos Sargaços, ao largo das costas das Bermudas, onde as fêmeas adultas ocorrem a depositar os seus ovos. Depois as larvas fazem uma viagem de crescimento até às costas da Europa e do norte de África, onde invadem os estuários dos rios e sobem por eles acima, invadindo tudo o que é riachos, rios e lagos, transformando-se, só então, em enguias. Por isso mesmo é possível ter receitas de enguias em Portugal do Algarve ao Minho.”
TIAGO PEREIRA