Na Adega Rio Douro, ou melhor, na Adega da Piedade, ainda são os locais que ocupam as mesas e ficam para ouvir o fado vadio. Esta tasca com mais de trinta anos de vida é famosa pelos seus petiscos e pela sua carismática proprietária, a Dona Piedade. Com ar castiço e língua afiada, recebe todos os clientes como se fossem seus amigos, mesmo que isso implique aquela parte da amizade em que se dizem coisas feias uns aos outros. Se ela as tiver de dizer, não se deixa ficar, afinal de contas estamos em sua casa, e é ela quem dita as regras.
O espaço é pequeno mas grande em história e substância. Forrado com memórias e fotografias que contam uma história que vive além da gastronomia. Às terças-feiras há fado vadio. O enorme retrato de Amália na parede junto ao balcão denuncia a devoção e o local onde os artistas normalmente se posicionam. Muitas vezes, é Dona Piedade a fadista do dia. A sua paixão pelo fado, pelas suas raízes e pela sua terra, lêem-se em cada verso.