Assim nasceu a SKREI: um grupo de trabalho multidisciplinar que vive da integração constante entre arquitectura, construção civil, produção artística, investigação aplicada de materiais e tecnologia. Em Portugal, tornou-se pioneira no conceito de arquitectura sustentável e, ao longo dos últimos 10 anos, tem estreitado relação com a Herdade do Esporão, revelando sempre grande respeito pela natureza e pela função de cada espaço.
O corpo torna-se, assim, um instrumento para materialização das ideias, o teste de materiais e o cumprimento dos objectivos a que o grupo se propõe. E é deste diálogo entre corpo e matéria que surgem novos caminhos e os próprios horizontes se alargam muito para além das questões meramente estéticas e convencionais. Há um aprofundamento quer cultural, quer territorial – que envolve pessoas, indústria, tradições e paisagens – que torna mais identificáveis os materiais disponíveis em cada região onde decorre uma obra. “Para nós, uma obra não é um evento fechado, com um início e fim palpáveis. Ela é feita de ligações entre pessoas e coisas que não estão no primeiro plano. Essas ligações existem antes da obra e persistem muito para além da obra.”
Mas, para chegarem a este processo, um outro teve que ocorrer – porque arriscar e quebrar limites não é algo que se faça do dia para a noite. Como em toda a história da SKREI, foi preciso muito estudo, muitos testes e pequenos ensaios para ganhar a confiança do próprio grupo de trabalho e, naturalmente, dos clientes. Como resultado, conseguiram, por exemplo, tornar real a construção de edifícios em BTC (blocos de terra compactada) e utilizar tijolos de cânhamo nos edifícios.
A cada criação, a SKREI orgulha-se de enriquecer o seu “relicário” – uma base de dados que vai complementando e à qual recorre no dia-a-dia para manter o crescimento, à medida que a dota de mais técnicas, fornecedores, matérias-primas, linguagens, artistas, cientistas, investigadores, etc. Soma as suas conquistas, sem nunca a esquecer estas referências e numa dinâmica constante que inclui recriação e progresso.
E é em linha com este pensamento que tem decorrido a relação da SKREI com a Herdade do Esporão. Inicialmente abordados para desenvolverem um projecto para um hotel, os arquitectos preferiram fazer um planeamento global do território do Esporão, por o entenderem como um “organismo vivo composto por órgãos operativos, desde as paisagens até às actividades“. Assim, ao longo dos últimos oito anos, têm reorganizado este território, subtraindo espaços e equipamentos que obstruíam a circulação e a comunicação entre “órgãos” e acrescentando novos espaços e equipamentos, com vista a uma melhor articulação entre o todo. Trata-se assim, e sem margem para dúvidas, de uma relação para durar.