Um dos seus primeiros trabalhos artísticos foi a criação de banda desenhada e cartoons para jornais e publicações infantis. Em Paris continuou os estudos, na academia e no Louvre, onde ia copiar os mestres que lhe despertavam mais admiração, tal como Picasso e Goya.
Em 1949, regressado de França, deu aulas numa pequena escola de cerâmica, em Viana do Alentejo. Chamou-lhe “um desterro voluntário”, e foi ali que descobriu a importância da paisagem, a geográfica e a humana.
Abraçou a temática popular, as gentes da terra e do mar, e uma paleta de tons escuros, o que lhe valeu o rótulo de neo-realista, apesar de também ter sido chamado de expressionista lírico e de ter experimentado o abstraccionismo.
Ao longo da sua carreira foi pintor, ceramista e escultor, dedicou-se aos frescos, vitrais e tapeçarias, realizou cenários e figurinos para cinema, teatro e bailado. Ganhou inúmeros prémios nacionais e internacionais e suscitou a admiração de críticos e escritores.
Uma das suas obras mais imponentes e admiradas é o painel de azulejos Ribeira Negra, junto à ponte D. Luis, no Porto. Sobre ela escreveu o poeta Eugénio de Andrade: “o pintor, uma vez mais, povoou essa centena de metros quadrados de grés com as suas visões líricas ou dramáticas: crianças, mulheres, adolescentes, animais repartem entre si o espaço e o ritmo, a cor e a luz da sua cidade, com um lúcido ardor que é o outro nome da sabedoria.”
Viveu mais de 40 anos em Entre-os-Rios, perto de Gondomar e do Lugar do Desenho, sede da Fundação Júlio Resende, que alberga um espólio de mais de dois mil desenhos que o artista reuniu ao longo da sua carreira.
Antes de morrer, Júlio Resende virou-se para a magia da cor, fruto, em parte, das atmosferas captadas em viagens por África, Brasil, Cabo Verde e Índia. Foram esses os tons que trouxe para o Alentejo, paisagem que tanto pintara na juventude, e para o Esporão Reserva.