Terminaram as vindimas, começaram as sementeiras

Terminaram as vindimas, começaram as sementeiras

Terminadas as vindimas é tempo de delinear estratégias para o novo ano agrícola. A avaliação qualitativa e quantitativa das uvas produzidas, em cada talhão, no ano que findou, é fundamental para tomar decisões que nos levem a alcançar um aumento de qualidade no novo ciclo cultural que se avizinha.

A sementeira dos cobertos vegetais das entrelinhas (enrelvamentos) das nossas vinhas é uma das actividades mais importantes do plano de sustentabilidade da Herdade do Esporão, e tem 6 grandes objectivos:

  1. Uma melhor conservação do solo;
  2. Diminuição da erosão;
  3. Aumento da biodiversidade dos nossos ecossistemas;
  4. Aumento dos teores de matéria orgânica;
  5. Exclusão da utilização de fertilizantes químicos;
  6. Incremento da fauna auxiliar, que irá ter uma acção fundamental na limitação natural das pragas da vinha.

O enrelvamento das entrelinhas consiste em instalar (semear), deixar desenvolver temporária ou permanentemente, na totalidade ou em parte da superfície da vinha, um coberto vegetal. O enrelvamento de uma vinha pode ser permanente ou temporário, semeado com uma única ou várias espécies vegetais, ou natural, aproveitando a flora existente no local.

Para a elaboração do plano de sementeira/enrelvamento é tida em consideração a idade da vinha, a fertilidade do solo (análises de solos), a qualidade das uvas obtidas, a qualidade da produção pretendida, o vigor da vinha e a incidência de pragas e doenças no ano anterior e as necessidades de fertilização.

Após a avaliação destes parâmetros é elaborado um plano de sementeira tendo como base a estratégia definida para cada um dos talhões da nossa vinha. Assim, foram delineados seis tipos de intervenção (sementeira/gestão dos enrelvamentos):

  1. 50% mistura de trevos anuais + 50% faveca;
  2. 50% mistura de trevos anuais + 50% vegetação espontânea;
  3. 100% faveca;
  4. 50% festuca + 50% faveca;
  5. 100% vegetação espontânea;
  6. 50% trevo encarnado + 50% faveca.

Enrelvamento temporário (Faveca)
É utilizado em vinhas até aos 3 anos de idade e tem como objectivo efectuar uma fertilização azotada em verde, que consiste na incorporação no solo das leguminosas semeadas na entrelinha, de forma a melhorar a estrutura do solo, fornecer o azoto que a planta necessita para o seu desenvolvimento de uma forma natural, promover a fixação de auxiliares (joaninhas, crisopas) predadores de pragas, e diminuir a erosão do solo.
Enrelvamento Permanente (Mistura de Trevos)
É utilizado em vinhas em plena produção, em que os objetivos são melhorar a estrutura do solo, fornecer o azoto que a planta necessita para o seu desenvolvimento, de uma forma natural, diminuir a erosão do solo, facilitar a circulação das máquinas e aumentar a biodiversidade dos ecossistemas.
Enrelvamento Permanente (Festuca)
É utilizado em vinhas com grande suscetibilidade ao ataque de aranhiço amarelo. Tem como objetivos a fixação de auxiliares (crisopas, fitoseídeos), predadores de pragas, diminuir a erosão do solo e facilitar a circulação das máquinas.
Enrelvamento Permanente Espontâneo
É utilizado em vinhas em plena produção, em que os objectivos são a preservação da vegetação espontânea com interesse para o ecossistema da vinha (misturas de gramíneas e leguminosas), diminuir a erosão do solo, facilitar a circulação das máquinas e aumentar a biodiversidade dos ecossistemas.

Todas estas estratégias são fundamentais para o aumento da fertilidade dos nossos solos e diminuição da incidência de pragas, o que nos vai permitir, no futuro, o aumento da qualidade das uvas de uma forma natural, elevando consequentemente a qualidade dos nossos vinhos.

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