A resposta para uma refeição inesquecível ou para um futuro brilhante

A resposta para uma refeição inesquecível ou para um futuro brilhante

O Porto está na moda e isso, como tudo, traz boas coisas e más coisas. A gastronomia tem ganho mais do que perdido com este boom de crescimento na cidade. Nascem novos restaurantes todas as semanas – muitos, “mais do mesmo”, outros, marcam a diferença com conceitos e propostas gastronómicas singulares.

É sempre mais difícil fazer-se bem do que mal e, não havendo receita para o sucesso, é o trabalho e a criatividade que fazem avançar.

Foi, sem medos, com apenas 29 anos, e com uma bagagem já cheia de experiência e inspiração que Vasco Coelho Santos abriu o Euskalduna Studio. Actualmente um dos melhores restaurantes do Porto.


Como bom filho, a casa retornou depois de alguns anos a ganhar mundo e “pulso” em Lisboa, País Basco, Londres, Singapura e Japão. Aprendeu com os melhores e voltou com a escola toda. Mas com os pés no chão. A sua humildade, permite que traga sempre consigo, na sua identidade como chef, um pouco de cada lugar por onde passou.

Conhecemos o Vasco na casa dos seus avós, em Gaia. É engraçado como o contexto parece inesperado para um primeiro contacto com um dos melhores chefs do país, mas a localização não poderia fazer mais sentido. 

Existe sempre uma ligação muito pessoal entre a gastronomia e a vida de quem faz dela arte. Alguém, memórias ou lugares cruciais em algum momento que mais cedo ou mais tarde se tornam num caminho, numa inspiração.

A avó Adriana é a resposta simples para o destino do Vasco. Cresceu perto dela e com o amor da sua comida que hoje transporta para tudo o que faz.

Assim que chegámos a casa dos seus avós, já se ouvia o fogão a trabalhar. Para o Vasco, é sempre assim que está, quando ele ali está. Desde sempre. Horas de almoço e jantares em que o lugar para se estar foi sempre a cozinha, à volta dos tachos e das colheres de pau que, sem vergonha, mergulham para “ver se está bom”.  A cumplicidade entre avó e neto, não esconde nada e denuncia todas essas horas de lume brando. 

Uma das especialidades da avó Adriana é o Rabo de Boi estufado que demora horas e horas a cozinhar. Nós só tivemos de esperar um “bocadinho” para provar um dos pratos mais importantes para o Vasco neto e para o Vasco chef. É que hoje este é um dos pratos que se pode comer no seu restaurante, reinventado por si, mas com a base da receita da sua avó e aprovado pela mesma.

Ainda não tivemos oportunidade de ir ao Euskalduna Studio – os seus 16 lugares, têm estado sempre preenchidos com semanas de antecedência – mas neste dia tivemos o privilegio de provar as duas gerações da receita de Rabo de Boi. E esta experiência ninguém nos tira.

Sem espectáculos, nem distracções, sentados à mesa da cozinha, com a sua família, comemos a melhor refeição que poderíamos pedir. Daquelas que mexem com as nossas memórias. É só isto que importa e que no final, nos acrescenta algo mais.

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