“O nome Garrafeira dava a ideia de que o seu potencial de envelhecimento também era superior ao Reserva, o que não se verificava na altura. Quando cheguei à Herdade e engarrafei o vinho, percebi o seu potencial. Tinha características de garrafeira mas podíamos torná-lo mais estruturado e melhorar o seu envelhecimento” David Baverstock
Os anos que se seguiram foram de grande trabalho e evolução na vinha e adega. O ano de 1999 foi de transição e, em 2000, já com as vinhas com quatro, cinco anos, conseguimos apresentar um novo vinho nascido do Garrafeira – o Esporão Private Selection.
Inicialmente, o Esporão Reserva e o Private Selection envelheciam ambos em barricas de carvalho americano. Hoje, a sua maturação é distinta. As castas continuam a ser vinificadas em separado mas no Private Selection são utilizadas barricas novas de carvalho francês. A diferente maturação, confere ao vinho uma madeira mais evidente, tornando-o intenso com corpo para absorver e aguentar a madeira.
Após dois anos de estágio – primeiro em barricas, depois em garrafa – no nariz, predomina a fruta negra com ligeiros apontamentos de fumo e especiarias. Na boca é rico, equilibrado, com boa acidez e taninos finos. O final, é longo e persistente.
Para fazermos um vinho branco marcante no Alentejo, tínhamos de arriscar e, por isso, o nosso enólogo David Baverstock trouxe a casta Sémillon para a Herdade do Esporão. Uma casta francesa que ainda hoje não existe em muitos lugares. Em Bordéus, produz os melhores vinhos brancos e é conhecida por fazer vinhos mais doces, como o nosso Late Harvest, que acabámos, mais tarde, por também fazer com esta casta. No Alentejo fomos pioneiros e, hoje, temos uma das mais velhas vinhas de Sémillon em Portugal.
“Tive muita sorte e liberdade para arriscar e fazer experiências na vinha. Já tinha muita experiência com esta casta. É uma casta icónica da minha região na Austrália, Barossa Valley, e, por isso, conhecia-a muito bem. Aqui, o clima é muito parecido e eu soube logo que a casta se iria adaptar bem ao calor alentejano. Este conhecimento permitiu-me antever como viria a ser o vinho, sabia que iria ter estrutura para fazer uma fermentação em barricas de carvalho francês e ter uma melhor evolução em garrafa”.
Confirmou-se a previsão e a casta adaptou-se muito bem ao nosso solo e ao nosso clima. Nos primeiros anos, o vinho teve os seus altos e baixos. Começou por sair mais exótico o que levou a que tivesse um grande sucesso no mercado do Brasil que não estava muito habituado a brancos e via neste branco “quase um tinto”.
Hoje, as vinhas com mais de 25 anos, o melhoramento do trabalho no campo e a evolução da adega – novas barricas com formatos maiores (500L) que ajudam numa melhor integração da madeira – permitem-nos ter as condições que necessárias para produzir um vinho com a qualidade do Private Selection.
Para beber logo ou para esquecer na garrafeira e abrir mais tarde.