«Verticais do Private Selection da Herdade do Esporão mostram como um vinho ícone pode evoluir em todos os sentidos.
Garrafeira é um termo que os produtores portugueses costumavam usar para designar alguns de seus vinhos mais especiais, a ideia é que ele fosse um “vinho de garrafeira”, ou seja, o lugar onde eles são guardados e conservados, a adega, por exemplo.
(…)
Atualmente, porém, boa parte dos produtores prefere usar outros nomes. Em 1987, por exemplo, a Herdade do Esporão lançou seus primeiros Garrafeira. Na época, eles selecionavam as melhores barricas do Reserva para compor esse vinho. No entanto, com o passar dos anos, Esporão compreendeu que não bastava selecionar as barricas, mas sim as parcelas de vinha. Assim, em 2001 nasceu o Private Selection, a evolução do Garrafeira.»
O artigo brasileiro partilhou ainda ensinamentos das provas verticais que fez com David Baverstock, começando no branco e acabando numa pequena comparação com o tinto.
«VERTICAL DE ESPORÃO PRIVATE SELECTION BRANCO
SAFRAS 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 E 2014
Apesar de se dizer praticamente português, o enólogo australiano David Baverstock pensou nas similaridades entre o clima alentejano e de algumas regiões mais quentes da Austrália para se inspirar num branco maioritariamente de Sémillon com pequenas partes de Marsanne e Roussanne em pleno Alentejo. Segundo ele, que trabalha na Herdade do Esporão desde 1992, essa ideia foi baseada nos brancos produzidos em Barrossa Valley, na Austrália, “mais estruturados e mais alcoólicos do que os vindos de Hunter’s Valley”. Assim, em 2001 foi lançada a primeira safra do Esporão Private Selection Branco. (…)
Ao se experimentar as 10 safras deste branco, é evidente o direccionamento para um estilo mais vertical, privilegiando mais fruta fresca e maior precisão nas safras mais recentes. Nesse sentido, Baverstock divide em três etapas a produção do Private Branco. A primeira, de 2001 até 2005, de vinhos mais gordos, maduros e mais potentes. A segunda, entre 2005 e 2009, uma fase intermediária. E a terceira, de 2010 até o presente momento, “já com uma visão mais clara do estilo do Sémillon alentejano que queríamos”. E resume: “Creio que na safra 2014 realmente atingimos a maturidade em nosso entendimento do que possa ser a Sémillon no Alentejo”.»